EDITORIAL: Primeira Liga, golpe à vista? O dilema da dupla Fla-Flu na luta contra a FEERJ
CBF e Federação do Rio de Janeiro se movimentam para tentar impedir realização do torneio que reúne clubes cariocas, gaúchos e mineiros.
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- Vicente Almeida
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- 26 Janeiro 2016 - 21:19
O movimento golpista da Federação de Futebol do Rio de Janeiro aliada à CBF para tentar impedir a realização da Primeira Liga, campeonato entre alguns dos grandes times de Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, é o combustível que faltava para o pontapé inicial do que pode ser uma revolução no futebol brasileiro. A CBF, mandachuva do esporte no país, está de joelhos. Fragilizada, tem um ex-presidente preso, o outro que não sai do país de forma alguma e o atual, simplesmente fazendo papel de fantoche daqueles que dão as cartas nas competições nacionais desde sempre. A FERJ é uma entidade que dispensa maiores apresentações. Ao mesmo tempo em que combate a criação da Liga, já mandou avisar que quer a parte dela no quinhão dos jogos realizados em solo fluminense. Ou seja, é coisa para esquizofrênico algum botar defeito.
Que Flamengo e Fluminense, adversários em campo e irmãos de sangue ligados por laços eternos, já que um nasceu do outro, não esmoreçam e sigam firmes em seus posicionamentos contra as arbitrariedades cometidas contra os clubes. A Primeira Liga é a salvação da lavoura no cenário atual do futebol brasileiro? Claro que não, pois confiar em cartolas é algo complicado e que merece todas as ressalvas. Porém, deve ser o pontapé inicial para reformular toda a estrutura do esporte que se tornou a maior paixão do brasileiro. É uma pena que Botafogo e Vasco, através de seus presidentes, não deem os braços a dupla Fla-Flu para derrubar, em definitivo, os desmandos de Rubinho e sua horda de puxa sacos.
A FERJ ameaçou dividir a cota de TV da dupla dissidente, cerca de 11 milhões de reais, entre os outros clubes do campeonato estadual. Seria uma canalhice dos adversários aceitarem esse “suborno moral”. Tudo bem que o mundo do futebol é praticamente uma grande canalhice, mas não é possível que algo assim passe incólume. Tudo há de ter limite na vida. No mais, caso a ameaça boquirrota se concretize, a solução é simples, muito simples. Como não haverá verba de televisão, consequentemente não haverá obrigatoriedade de se cumprir o acordo de cavalheiros firmado com a TV Globo recentemente, para que as equipes utilizem os atletas profissionais nos estaduais. Quero ver a FERJ, em seus delírios de grandeza, explicar para a maior rede de televisão do país que Flamengo e Fluminense colocarão times de juniores para disputar o campeonato estadual, atração principal das noites de quarta-feira e das tardes de domingo da emissora.
Vivemos tempos difíceis atualmente, onde o respeito às opiniões dos outros é algo praticamente inexistente. Passamos mais de vinte anos com nossos direitos cerceados. Muita gente morreu para que, nos dias de hoje, a gente possa expressar nossa opinião livremente. Por mais que alguns desequilibrados insistam em negar a história. A FERJ que me desculpe, mas o que importa nessa celeuma são os clubes, não as federações. Não adianta tentar encurralar os clubes, estuprando seus direitos de disputarem o campeonato que bem entenderem. Quem sustenta a bilionária estrutura do futebol brasileiro são os torcedores desses mesmos clubes, afinal, não me lembro de fãs das federações lotarem um estádio, comprarem camisas, jornais, artigos licenciados, entre outros. As federações de futebol, assim como os sindicatos de trabalhadores, são entidades que agem muito mais em benefício próprio e vivem de sugar os trabalhadores de verdade, do que defender os interesses daqueles que, pelo menos em tese, deveriam ser protegidos por essas mesmas entidades.
Avante, Fla-Flu.
Sigam firmes nessa luta.
Sem esmorecer jamais.