Osasco vence no tie-break, mas Rio de Janeiro se classifica em 1°
Com clima quente, time paulista faz 3 a 2 jogando em casa, mas acaba em segundo lugar na primeira fase da Superliga feminina de vôlei
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- Vicente Almeida
- Vôlei
- 23 Fevereiro 2013 - 08:09
Clima tenso no duelo que definiu e equipe de melhor campanha da primeira fase da Superliga feminina de vôlei. Enquanto o Osasco precisava vencer por três sets a zero, ou três a um, para conquistar o primeiro lugar da etapa de classificação, o Rio de Janeiro poderia perder, desde que vencesse, pelo menos, dois sets. Com a rivalidade a flor da pele, a equipe paulista venceu, mas não levou. Mesmo saindo perdendo de dois a zero, as cariocas reagiram, venceram os sets que precisavam e conquistaram o ponto extra que garantiu o primeiro lugar na classificação geral. Após quase três horas de fortes emoções, rivalidade e um grande jogo de voleibol, Jaqueline atacou para marcar o ponto derradeiro e confirmar a vitória do Osasco por três sets a dois, parciais de 27/25, 25/23, 30/32, 23/25 e 17/15. Vale ressaltar o gás dos 4 mil torcedores presentes ao ginásio José Liberatti, que não pararam de empurrar o time da casa em nenhum minuto. Outro detalhe a ser observado é a qualidade na defesa das duas equipes. A técnica, raça e habilidade das líberos Fabi, do Rio, e Camila Brait, do Osasco, precisam ser exaltadas. Em diversas trocas de bola, as duas operaram defesas extraordinárias e extremamente difíceis.
Destaque do Osasco nos últimos anos, a ponteiro Nathalia, que se transferiu para o Rio de Janeiro, foi hostilizada durante toda a partida pela torcida paulista. A pressão funcionou e a jogadora teve uma atuação apagada, sendo substituída pela novata Gabi, que com apenas dezoito anos, se tornou uma das sensações da partida. Mesmo não tendo uma grande exibição, Nathalia comentou o fato de jogar pela primeira vez contra a torcida que tanto a incentivou. – Estava comentando com a Juciely o fato de errarmos muitos saques durante o jogo nos prejudicou no resultado final da partida. Sabia que, para mim, seria muito difícil jogar aqui, mas a provocação da torcida tem que entrar por um ouvido e sair pelo outro. Isso não me atrapalhou. O fato é que não estou fazendo o campeonato que eu queria, mas o Bernardo está tentando me ajudar e tenho certeza que vou melhorar – concluiu.
Clima quente fora de quadra
No fim da partida houve uma breve discussão entre membros das duas comissões técnicas. Eleita a melhor jogadora da partida, a ponteiro Jaqueline condenou o ocorrido: – Isto (discussão entre integrantes dos clubes) não poderia nunca acontecer em um clássico. Discussão é coisa que não vale a pena em um jogo como esse. Quem tem que falar é a capitã com o árbitro e o técnico na hora que ele tiver que conversar e não membros da comissão técnica ficarem discutindo.
Quem também falou sobre a alta temperatura fora de quadra foi o técnico do Osasco, Luizomar de Moura, um dos principais personagens da noite. – Não teve nenhum problema. Estávamos de cabeça quente, mas apenas durante a partida. Temos que saber separar isso. Não foi a primeira e nem a última vez que isso aconteceu. Mas não vai diminuir em nada a minha admiração pelo Bernardo. Daqui a pouco estamos os dois aí, de novo. Cada um buscando fazer o seu melhor trabalho – afirmou.
Osasco começa errando demais, mas se recupera, vira e sai na frente
O primeiro set começou equilibrado, aos poucos o Rio de Janeiro, que errava menos, tomou a dianteira. A força do bloqueio da equipe carioca, a distribuição de jogo de Fofão e o aproveitamento da canadense Pavan foram fundamentais no início da partida, onde a diferença chegou a ser de quatro pontos. Na segunda parte do set o Osasco endureceu o jogo. Errando menos, o time paulista partiu pra cima e empatou após duas belas jogadas de Jaqueline. Com a força de Fernanda Garay e as bolas vencedoras de Adenizia, o Osasco virou e fechou o primeiro set por 27 a 25, após trinta e três minutos de duelo.
Rio de Janeiro erra muito e Osasco abre dois a zero
As meninas do Osasco começaram arrasadoras no segundo set. Rapidamente colocaram quatro pontos de frente. Nem o esforço do setor defensivo do time de Bernardinho e as inúmeras defesas da líbero Fabi, impediram que as paulistas abrissem sete pontos de vantagem no placar, principalmente após os seguidos erros cometidos pelas líderes da competição. Mas como não existe jogo fácil quando se trata das duas equipes de melhor campanha na Superliga, o Rio de Janeiro foi quem dificultiu o jogo e diminuiu a vantagem para apenas um ponto. Mesmo com a reação carioca, as paulistas venceram o segundo set por 25 a 23, após o erro da atacante Pavan que sacou para fora. Foi o oitavo erro da equipe visitante contra metade das donas da casa, apenas no segundo set, que terminou em trinta e um minutos.
Rio de Janeiro reage, vence e se mantém vivo na disputa pelo primeiro lugar
Diferentemente dos dois primeiros, o terceiro set começou mais equilibrado com uma disputa ponto a ponto entre as duas equipes. Para desespero de Bernardinho, o Osasco foi para a segunda parada técnica com a vantagem de dois pontos sobre o Rio de Janeiro. Após a reorganização do time carioca, sob o comando da canadense Sarah Pavan, o time se recuperou e protagonizou um dos melhores sets da Superliga. O último terço da passagem foi eletrizante. Após uma recuperação espetacular de Fabi, que gerou um debate entre a capitã do Sollys, Jaqueline e o árbitro da partida, o Rio de Janeiro conquistou o vigésimo terceiro ponto. Cena que quase se repetiu dois pontos mais tarde, após novo milagre da líbero bicampeã olímpica. Depois de reverter cinco sets points, o Osasco teve duas oportunidades de fechar o jogo e conquistar o primeiro lugar da fase de classificação. Em um deles chegou a parar para comemorar, quando o árbitro de linha deu bola fora do ataque carioca. Porém, o juiz principal chamou a responsabilidade e, corretamente, marcou o ponto para o Rio de Janeiro. Com um bloqueio e um ataque fulminante de Juciely, o Rio de Janeiro, após uma batalha de quarenta e dois minutos, fechou o set em 32 a 30 e se manteve vivo na briga pelo primeiro lugar da primeira fase.
Cariocas empatam e conquistam o primeiro lugar geral na fase de classificação
O jogo ganhou em emoção. Afinal, quem vencesse o quarto set conquistaria a melhor campanha da Superliga e ficaria com a vantagem de fazer duas partidas, da melhor de três jogos dos playoffs, em casa. Como no terceiro, o quarto set começou rigorosamente empatado e disputado ponto a ponto. O Osasco abriu pequena vantagem, mas logo foi ultrapassado pelo Rio de Janeiro. Na parte final do set, a equipe comandada por Bernardinho manteve uma postura madura dentro de quadra, acertando os saques, um de seus principais fundamentos dentro da competição e forçando os bloqueios, que não vinham sendo aproveitados. Com isso, o time chegou a abrir quatro pontos. Porém, empurrado pelos cerca de quatro mil torcedores presentes ao ginásio, o Sollys/Nestlê não se entregou e tentou uma reação. Mas as cariocas estavam mais concentradas que nos dois primeiros sets e administraram a vantagem, fechando o set por 25 a 23, em trinta e dois minutos, empatando a partida e conquistando o tão almejado primeiro lugar na fase classificatória da Superliga feminina de Vôlei.
Osasco vence o tie-break, mas termina em segundo na classificação geral
O tie-break começou quente com um bate-boca entre os técnicos Bernardinho e Luizomar de Moura por causa da marcação do vigésimo terceiro ponto para o Rio de Janeiro no set anterior. Ambos foram advertidos pelo árbitro da partida com o cartão amarelo e o desempate iniciou-se em um a um, já que pelas regras da competição, a advertência por cartão amarelo implica na perda de um ponto. O clima tenso fora da quadra foi imediatamente transferido para dentro das quatro linhas. Reações nervosas dos técnicos e, até, uma espécie de provocação foi observada após o bloqueio de Jaqueline, do Osasco, sobre Juciely, do Rio. Atitude que não é comum nos jogos de vôlei, famoso pelo fair-play. O Osasco tentava seguidamente fechar a partida, mas a ponteiro Gabi do Rio de Janeiro insistia em virar todas as bolas que chegava às suas mãos. Na terceira bola do jogo, Jaqueline encerrou a partida, fechando o set em 17 a 15 e confirmando a vitória do Osasco por três sets a dois, após quase três horas de pura adrenalina.
Fernanda Garay comentou a vitória do Osasco e a decepção por não ter conseguido o primeiro lugar na classificação geral. – Clássico entre Rio de Janeiro e Osasco é sempre muito disputado. É sempre assim. Sempre com muita rivalidade. Vencemos, mas não foi bom. Saímos com a vitória, mas em segundo na classificação geral - lamentou.
Na próxima fase, o Rio de Janeiro enfrenta o Rio do Sul. O primeiro jogo será nesta terça-feira, às 21h, no Maracanãzinho. No mesmo dia, o Osasco pega o Minas, às 18h30m, no José Liberatti. Campinas e Pinheiros, Praia Clube e Sesi se enfrentam nos outros dois confrontos das quartas de final, que serão realizadas em séries com melhor de três partidas.