Impecável. Meninas do Brasil vencem o Japão por 3 a 0 e seguem 100% na Rio 2016
Equilibrio coletivo da seleção feminina é o destaque da vitória sobre o Japão. Vinda do banco, Thaisa mostra que está recuperada da lesão na panturrilha
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- Vicente Almeida
- Esportes
- 11 Agosto 2016 - 04:05
A seleção brasileira segue impecável no torneio feminino de vôlei das Olímpiadas Rio 2016. Em uma partida muito regular, as atuais bicampeãs mostraram grande equilíbrio no conjunto de atletas e derrotaram as japonesas por três sets a zero (25-18, 25-18 e 25-22) nesta quarta, no Maracanãzinho. A grande noticia da noite foi a confirmação que a central Thaisa está recuperada da lesão na panturrilha que quase a tirou do torneio a menos de uma semana da estreia. Adversário da semifinal de Londres 2012, a seleção japonesa não conseguiu mostrar qualquer resistência ao volume de jogo imposto pelas brasileiras que, mesmo valorizando as defesas e com bolas mais lentas, quando encontrou dificuldades buscou no banco de reservas a solução para quebrar a reação oriental.
NAGAOKA COMEÇA BEM, MAS BRASIL DOMINA O SET SEM MAIORES DIFICULDADES
Bola ao alto e o set começou com uma largada de Natália, fazendo um a zero para o Brasil que chegou a abrir três pontos de vantagem. Mas Nagaoka, destaque da seleção nipônica, chamou a responsabilidade do jogo para si e logo o placar estava 8 a 4 para as visitantes, obrigando Zé Roberto Guimarães a parar o jogo. As meninas do Brasil voltaram do tempo técnico mais determinadas, marcaram a ponteira oriental, que passou a render menos, e assumiram a ponta do placar. Da metade do set em diante, Fernanda Garay se agigantou no bloqueio e no saque, então, com as variadas distribuições de bola da levantadora Dani Lins, as meninas do Brasil se encontraram na partida. De repente, um susto. A ponteiro Natália cortou a mão ao apoiar-se no placar eletrônico do fundo de quadra. Mesmo com o sangramento na palma da mão direita, a brasileira não abandonou a quadra.
– Fui buscar uma bola e arrebentei um pouquinho a mão no placar eletrônico, mas faz parte. Se precisar fazer isso mais dez vezes para buscar a bola como aconteceu, eu faço. O que importa é que a bola tem que subir. Então, temos que arrebentar mão quantas vezes for preciso – frisou a ponteira.
O time abusava da variação de saques entre serviços forçados e saques flutuantes que caiam logo à frente da linha defensiva das oponentes, o que anulou completamente o jogo da equipe adversária. Com um bloqueio de Sheilla, que não jogava bem, as donas da casa fecharam o primeiro set em 25 a 18.
THAISA VOLTA AO TIME E POVA PARA SI QUE ESTÁ RECUPERADA DA LESÃO
O segundo set começou com ponto japonês após grande defesa de Fê Garay e com um bloqueio de Sheilla, mostrando a oposta estava com vontade de entrar no jogo. A seleção de Zé Roberto passou a defender muito bem. Não havia bola perdida. O que aumentou o volume de jogo das donas da casa e fez as japonesas trabalharem mais. Antes do décimo ponto, o técnico japonês solicitou o desafio eletrônico para tirar uma dúvida sobre um ataque brasileiro. Mas, se naquela altura não existia bola perdida na defesa, dificilmente haveria bola perdida no ataque e o ponto foi confirmado para o Brasil. As orientais passaram a encontrar muita dificuldade para acertar suas bolas, pois, todas as suas investidas tocavam no bloqueio ou na defesa das adversárias. Para piorar, as japonesas passaram a errar muito na recepção e no ataque. Em contrapartida, a seleção brasileira estava concentrada e praticamente não desperdiçava nenhuma bola. Fabíola e Gabi substituíram Sheilla e Dani Lins, fazendo a inversão conhecida como “cinco um”, trocando a posição tática da levantadora e aumentando o poder de fogo da rede brasileira, com Gabi aberta pelas pontas. Com o segundo set dominado, Thaisa e Jaqueline também entraram para ganhar ritmo de jogo. Nesse momento, do time titular, apenas a líbero Leia e a ponteira Natalia estavam em quadra e no saque errado da japonesa, as meninas fecharam a passagem em 25 a 18, abrindo dois a zero no placar.
MENINAS SE DESCONCENTRAM E QUASE COMPLICAM O ULTIMO SET
As japonesas pareciam querer endurecer a partida e voltaram para o terceiro set defendendo e bloqueando muito bem. Com o time titular novamente em quadra, as brasileiras não se abalaram e impuseram o maior volume de jogo da seleção bicampeã olímpica. A oposta Sheilla passou a acertar mais bolas, apesar de ser marcada de perto pelas orientais, mas Juciely e Fê Garay e Natália viravam simplesmente todas as bolas que caiam em suas mãos. Com o set sob controle, as brasileiras se desconcentraram e viram vantagem de quatro pontos que possuíam no placar ser reduzida pela metade, o que fez o técnico parar a partida e pedir um dos tempos técnicos. Mesmo assim, as japonesas empataram na volta do intervalo e o jogo ficou bem equilibrado. Mais uma vez Gabi, Thaisa e Jaqueline saíram do banco de reservas para impor o jogo brasileiro. Com o placar apontando 24 a 22, o técnico brasileiro solicitou o desafio eletrônico que confirmou o toque na rede de Jaqueline. Quando as japonesas recolocaram a bola em jogo, Dani Lins achou Thaisa no meio de rede. A central explorou o bloqueio oriental, fechou o set em 25 a 22 e a partida em 3 sets a 0.
Recuperada da lesão na panturrilha, a central Thaisa mostrou que está pronta para o restante do campeonato e destacou a união coletiva da equipe.
- Hoje é um dia muito especial. Senti a panturrilha no penúltimo amistoso contra a Sérvia. Então parei e constataram o estiramento. Não dava para fazer nada. Só musculação e tratamento. Se eu andasse, doía. Se ficasse sentada, doía muito e fiquei na duvida pra saber se ia voltar. Tentei fazer o máximo para me recuperar e fiquei com medo de não conseguir voltar. Perdi várias noites de sono, simplesmente, não conseguia dormir. Afinal, trabalhei quatro anos, operei os dois joelhos, tive que reaprender a andar para ver tudo se acabar na semana da estreia. Mas deu tudo certo. Hoje foi importante para eu saber que estava cem por cento recuperada. Muita coisa passa na cabeça depois disso. Fiquei feliz de ver como a Dani (Dani Lins, levantadora da equipe) confia em mim, me dando a última bola de ataque do jogo. Agora, é recuperar o ritmo de jogo, porque eu estava parada e esperar o treinador me colocar ara jogar. Pois, sempre vencemos pela coletividade e no esporte coletivo, o que importa é estar todo mundo bem. Muita gente falou que não precisávamos de quatro centrais na seleção e me machuquei na semana da estreia – desabafou a central que mostrou confiança para as próximas partidas.
Mais uma vez, o técnico José Roberto Guimarães destacou o comportamento tático e coletivo da equipe.
- É o que venho dizendo. Estamos treinando muito o sistema defensivo. Precisamos dele funcionando bem e bem sincronizado. Não temos uma equipe alta e precisamos compensar isso de alguma forma. A defesa tem que se posicionar bem a cada jogo e é importante para a comissão técnica fazer uma avaliação depois de todas as partidas para saber como a defesa está. Precisamos trabalhar mais os contra ataques que precisam ser mais velozes. As meninas entenderam bem o que a gente vem pedindo e não deram chances ao Japão. E tem que ser assim. A postura e a seriedade tem sido a tônica do nosso time. Sabíamos que as japonesas iam puxar as bolas e mais dentro delas como fizemos. Agora é pensar na Coreia do Sul, pois a Kin vem aí e é sempre complicado – frisou o treinador brasileiro.
As meninas de ouro do Brasil voltam ao Maracanãzinho, às 22h35m, da sexta-feira, dia 12, quando enfrentam a Coreia do Sul, pela quarta rodada do torneio de vôlei feminino da Rio 2016.
FICHA TÉCNICA:
Brasil 3 x 0 Japão
Local: Ginásio do Maracanãzinho
Data: 10 de agosto de 2016 (Quarta)
Horário: 22h35m (de Brasília)
Centrais
Adenízia
Fabiana
Juciely
Thaisa
Levantadoras
Dani Lins
Fabíola
Libero
Léia
Oposta
Sheilla
Ponteiras
Fê Garay
Gabi
Jaque
Natália
Técnico: José Roberto Guimarães