Na garra! Brasil faz 3 a 1 na Argentina e está na semifinal

Seleção brasileira supera dificuldades, perde Lucarelli e Lipe durante a partida, mas passa pelos hermanos e pega a Rússia, reeditando final de Londres

 

Sabe quando parece que tudo pode dar errado? Foi justamente o que aconteceu com a seleção masculina de vôlei do Brasil na noite desta quarta-feira, no Maracanãzinho. Foi difícil ver, logo no início da partida, Lucarelli deixar a quadra contundido. O ponteiro é um dos principais nomes do time e as chances brasileiras tendem a ser reduzidas quando ele não está em quadra. Tendem, mas como no esporte o imprevisível pode ser a solução, no fim das contas, tudo deu certo. O líbero ficou no banco boa parte do jogo e só retornou porque Lipe, que era o melhor jogador dos donos da casa também sentiu um problema na região lombar e foi substituído, justamente, por Lucarelli. A volta de ponteiro à partida mexeu com os brios dos companheiros que frearam uma possível reação dos argentinos e venceram os hermanos por três sets a um (25-22, 17-25, 25-19 e 25-23) com muita garra, mas sem passar sufoco, apesar da pequena diferença no placar das três primeiras parciais. Agora, a equipe comandada por Bernardinho enfrenta a Rússia na semifinal e terá a chance de devolver a derrota na final das olímpiadas de Londres 2012. A outra semifinal será entre Estados Unidos e Itália.

 

PRINCIPAIS NOMES DE CADA EQUIPE TEMPORARIAMENTE FORA DA PARTIDA

 

Lucarelli acertou a mão, conseguiu o ace e colocou o Brasil na frente. De repente, um grande problema para o time argentino que viu Facundo Conte, seu principal jogador, torcer o tornozelo e sair de quadra para desespero dos Hermanos. A Argentina abria pontos e o Brasil buscava. Bruninho levantou a bola no meio de rede e Lucão cravou no chão. Como o vento que soprava do lado de lá também soprava do lado de cá, foi a vez de Lucarelli, melhor jogador do Brasil na partida, sentir uma fisgada muscular e deixar o jogo em definitivo. Bernardinho não promoveu Douglas, que seria o substituto natural do ponteiro passador brasileiro, e colocou Mauricio Souza em quadra. O Brasil melhorava nos fundamentos, principalmente no bloqueio, com dois pontos seguidos. Os argentinos estavam sólidos na defesa e conseguiam virar as bolas no contra ataques. O técnico Bernardinho pediu desafio eletrônico que confirmou que não houve invasão do jogador argentino na rede. Na sequencia, o time brasileiro tomou a dianteira no placar e no toque argentino na rede passou à frente. O técnico Julio Velasco desfez a inversão de seus jogadores em quadra e nem a volta de Conte conseguiu evitar que o time brasileiro fechasse o set em 25 a 22.

 

ARGENTINA REAGE E EMPATA A PARTIDA

 

O segundo set começou com ponto brasileiro. Mesmo com tornozelo torcido, Facundo Conte foi para o jogo. As equipes trocavam bolas e ninguém conseguia abrir vantagem no placar. O Brasil abria um ponto, a Argentina empatava. Bruninho achou Wallace sozinho na ponta e sem bloqueio, o ponteiro cravou a bola com força. O jogo estava equilibrado. Os argentinos acertaram o contra ataque e tomaram a frente. Os brasileiros empataram e também acertaram o contra ataque. Os jogadores argentinam marcavam o meio brasileiro e Bruninho abria as bolas na saída de rede para Wallace que ficava solto com marcação individual. Os brasileiros perderam a concentração, cometeram erros de recepção e a Argentina abriu cinco pontos de vantagem. A mesa controladora da partida fez uma confusão e a partida ficou parada por quase dois minutos, o que foi bom para o time da casa que virou o ponto. o jogo se complicava, os argentinos exploravam o bloqueio em cima dos brasileiros e colocaram seis pontos de vantagem, obrigando Bernardinho a parar a partida pedindo o segundo tempo técnico brasileiro. Poglajen fez grande defesa no fundo de quadra, mas Lipe atacou e virou a bola. O craque Conte fazia uma bela partida. Mesmo com a perna imobilizada, o líbero virava todas as bolas na entrada ou na saída de rede. Ace para a seleção argentina e a diferença chegava a sete pontos. Uma coisa inimaginável para quem assistiu o primeiro set. Bernardinho fez a inversão do levantador com o oposto, mas o time dos hermanos aumentava a vantagem para oito pontos. Maurício quebrou a primeira chance da Argentina fechar a passagem, mas no ataque de Gonzalez, que mais uma vez explorou o bloqueio brasileiro, os argentinos fecharam o set em 25 a 17 e empataram a partida.

 

BRASIL CRESCE E FAZ 2 A 1

 

Bola pro alto e Bruninho achou Wallace livre para fazer o primeiro ponto do terceiro set. os Brasileiros começavam arrasadores, dispostos a esquecer a péssima atuação do primeiro set. bola de contra ataque, erro na recepção, cravada de bola no meio de rede, condução do jogador argentino e o Brasil abriu quatro a zero logo de cara. O placar dilatado fez Julio Velasco utilizar seu primeiro pedido de tempo técnico antes mesmo do quinto ponto. Mauricio Borges fez grande passe de recepção para Bruninho que achou Lipe com a marcação comprometida. O ponteiro usou o bloqueio adversário e matou o ponto para o Brasil. o time argentino passou a defender muito e pegaram uma pancada de Wallace dando inicio a um rally impressionante que durou mais de trinta segundas e terminou com o ponto dos visitantes. O bloqueio brasileiro pegou De Cecco na largada de segunda e colocou cinco pontos de vantagem. Mauricio acertou a mão no bloqueio e com o ataque argentino para fora, os donos da casa colocaram sete pontos de frente. Definitivamente, o trauma do set anterior estava superado. Apesar de errar algumas bolas por afobação, Bruno distribuía o jogo de maneira mais equilibrada. Palacios entrou no lugar de Conte que voltou a sentir o tornozelo. Lipe acertou uma bola em cima da linha. O técnico Velasco esboçou solicitar o desafio para pedir bola fora, mas o oposto Lima admitiu que a bola foi dentro. Na jogada seguinte, o técnico argentino pediu o desafio e comprovou o toque no dedo mindinho de Lucão. A Argentina virou duas bolas seguidas e foi a vez de Bernardinho parar a partida pedindo seu primeiro desafio eletrônico, mesmo sabendo que o oponente não tinha tocado na bola. Gonzales soltou o braço e no erro de recepção de Serginho, diminuiu pela metade a vantagem que já havia sido de oito pontos. Bernardinho parou o jogo e seu time passou a administrar a vantagem no placar. Bola rápida no meio de rede e Lucão colocou no chão. Wallace atacou para fora, Bernardinho pediu toque na rede do bloqueio argentino e a analise das imagens comprovaram a falta, encerrando a passagem em 25 a 19.

 

LIPE SAI CONTUNDIDO E LUCARELLI VOLTA NO SACRIFICIO

 

Plogajen soltou a mão, Serginho recebeu vem e Wallace virou o primeiro ponto brasileiro na quarta passagem. Porém, a Argentina começou melhor e abriu três a um. O Brasil encostou, mas Lipe tocou na rede e no ataque de Gonzalez, os adversários fizeram seis a três. Imediatamente, Bernardinho parou o jogo em seu primeiro pedido de tempo técnico no set. a partida voltou disputada. Conte fez grande defesa, o líbero Gonzalez levantou mergulhando de peixinho e a Argentina matou o ponto no ataque.  Bruno variava os levantamentos com bolas distribuídas para Lucão no meio, Mauricio na entrada e Wallace na saída de rede. Deu certo. Os brasileiros empataram o set em nove a nove. Julio Velasco parou a partida com o tempo técnico para tentar esfriar a reação brasileira. Facundo Conte jogava na base da superação e acertou o bloqueio para garantir a vantagem dos hermanos. Um drama tomou conta do time verde e amarelo. Lipe sentiu um problema na lombar e Bernardinho colocou Lucarelli mancando em quadra. O que foi, no mínimo, irresponsável. Uma esticada a mais e a lesão do ponteiro brasileiro poderia se complicar. Mesmo baleado, o ponteiro brasileiro voou para cravar o ponto. Os jogadores brasileiros se mobilizavam para proteger Lucarelli das bolas argentinas. Com isso, os atuais vice-campeões olímpicos abriram dois pontos. Velasco parou o jogo e desfez a inversão de levantadores e opostos. A Argentina seguia muito pressionada. Outra derrota eliminaria os hermanos da competição. Os brasileiros sabiam disso, administravam a vantagem de dois pontos e viravam as bolas alternadas com os oponentes. Mas jogo com a Argentina é sempre complicado. Com o passe quebrado na recepção, o bloqueio argentino marcou o meio brasileiro e empatou a passagem. Bernardinho parou o jogo para esfriar a reação dos adversários. Lucarelli errou o saque pelo Brasil e Gonzalez pela argentina. Willian entrou para sacar, pegou uma bola mágica na largada do levantador De Cecco e Wallace decolou para explorar o bloqueio dos argentinos, fechar o set em 25 a 23 e a partida em três sets a um. Colocando o Brasil em sua quarta semifinal olímpica seguida.

 

Após o jogo, Bruninho falou sobre o confronto com os russos e como os jogadores do Brasil irão atuar na próxima partida.

 

- Quis o destino que a gente enfrentasse a Rússia novamente e aqui estamos depois de quatro anos. Nós vamos nos esforçar ao máximo e nem que a gente tenha que ir sem costas, sem pé, sem nada, mas vamos fazer de tudo para chegar à final – disse o levantador, mirando na quarta final consecutiva da seleção brasileira.

 

FICHA TÉCNICA:

 

Brasil 3 x 1 Argentina

Local: Ginásio do Maracanãzinho

Data: 17 de agosto de 2016 (quarta)

Horário: 22h35m (de Brasília)

 

Levantadores

Bruninho (Modela/Itália)

William (Sada Cruzeiro)

Raphael (Funvic/Taubaté)

 

Opostos

Wallace Souza (Sada Cruzeiro)

Evandro (Suntory/Japão)

Wallace Martins (Brasil Kirin)

 

Centrais

Lucão (Modela/Itália)

Isac (Sada Cruzeiro)

Sidão (Sesi-SP)

Éder (Sada Cruzeiro)

Maurício Souza (Brasil Kirin)

 

Ponteiros

Murilo (Sesi-SP)

Lucarelli (Funvic/Taubaté)

Lipe (Funvic/Taubaté)

Lucas Lóh (Brasil Kirin)

Douglas (Sesi-SP)

 

Líberos

Serginho (Sesi-SP)

Tiago Brendle (Brasil Kirin)

 

Técnico: Bernardinho

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