Vale ouro! Agatha e Bárbara detonam dupla americana e disputam o ouro

Brasileiras não dão chances para dupla da tricampeã Kerri walsh, vencem por dois a zero e querem reviver o sonho dourado de Atlanta

 

Quando a dupla americana de Kerri Walsh Jennings, três vezes medalha de ouro, que jamais havia perdido uma partida no torneio olímpico, cruzou o caminho de Agatha e Bárbara, muitos disseram que seria quase impossível para as brasileiras vencer uma das mais completas jogadoras da historia do vôlei de praia. Mas o que se viu nas areias da praia de Copacabana, na noite desta terça foi justamente o contrário. A dupla brasileira não deu a mínima chance para as americanas e venceu a partida por dois sets a zero (22-20, 21-18) garantindo a vaga na final e a chance de brigar pela medalha de ouro contra as alemãs Laura Ludwig e Kira Walkenhorst que mais cedo eliminaram a outra dupla brasileira, Larissa e Thalita. Mostrando que estudou as adversarias, a dupla do Brasil, desde a primeira bola do jogo, forçou o saque em cima de Walsh que, surpreendida, não soube lidar com a pressão e passou a cometer erros que não são muito comuns em sua carreira. Agatha era uma gigante no bloqueio e evitava qualquer intenção americana de se distanciar no placar. Em contrapartida, Bárbara defendia como nunca, garantindo o passe e aumentando a vantagem brasileira nos contra ataques. Focadas, as brasileiras comemoravam muito todos os pontos conquistados e foi questão de tempo para encerrarem a partida. Independente do resultado da final, que acontece nesta quarta, as 23h59m nas mesmas areias da paria de Copacabana, a dupla brasileira sai das Olimpíadas do Rio como vencedora.

 

No ponto inicial, marcado pela dupla brasileira, já deu para perceber que o público estava querendo participar efetivamente da festa. Desde o primeiro momento do jogo, Agatha e Bárbara passaram a forçar o saque em cima da tricampeã olímpica Kerri Walsh. Com isso, viravam as bolas e se mantinham na frente no placar pela vantagem mínima. Em uma bela defesa, conseguiram armar o contra ataque e fazer o ponto. Na sequência, Walsh errou a recepção, deixando as brasileiras três pontos na frente. As americanas reagiram e viraram as bolas, mas o time brasileiro, além de estar muito consciente na defesa, atacava muito bem, sem desperdiçar nenhuma oportunidade. Porém, Walsh Jennings não é um mito do vôlei de praia à toa. Montou o bloqueio para cima de Agatha duas vezes. Na primeira empatou a passagem, mas na segunda a bola saiu depois de tocar em sua mão. O jogo seguiu equilibrado. As brasileiras mantinham a estratégia de forçar o saque em cima de medalha de ouro das ultimas três Olimpíadas, ó que desmontava o bloqueio da dupla americana. Bárbara conseguiu uma grande defesa e forçou o ataque em cima de Ross que bateu para fora e colocou o Brasil na frente. Como a dupla americana passou a frente mais uma vez, o time brasileiro parou o jogo com o tempo técnico. Ataque de Bárbara no fundo de quadra e mais um empate. No vôlei de praia não se pode bobear, um minuto de desatenção e o jogo vai embora. As americanas acharam um contra ataque e colocaram dois pontos na frente em um momento delicado. Bárbara acertou um grande saque que Walsh recepcionou mal e a bola caiu, cedendo o empate para o time brasileiro que estava de volta à partida. Mais um saque venenoso de Bárbara desmontou a recepção das adversárias que bateram a bola para fora e viram as brasileiras assumirem a dianteira da passagem. Bárbara estava impossível no fim do set. Com uma largada oportuna e um ace espetacular na bola que bateu rigorosamente em cima da linha de fundo, a dupla brasileira fechou o set em 22 a 20.

 

Erro de ataque brasileiro e o primeiro ponto da segunda passagem foi das americanas que devolveram a gentileza no erro de saque. A dupla dona da casa seguia infernizando a vida da supercampeã Walsh que não conseguia acertar a recepção, entregando muitos pontos para o Brasil. Ross tentava crescer na partida, mas as brasileiras administravam o jogo. A defesa estava encaixada e o passe saia redondo. Agatha se agigantou e armou dois bloqueios para cima da mitológica americana, mas cometeu um erro logo na sequência. Bárbara, simplesmente, pegava todas as bolas na defesa. A brasileira deu golpe de vista e apenas acompanhou com olhos, o que assustou todos que estavam na Arena de Copacabana, mas que se aliviaram quando a bola saiu, garantindo o ponto brasileiro. As americanas estavam pressionadas e passaram a errar. Ross jogou na rede, Walsh atacou para fora e o Brasil colocou dois pontos de vantagem. Depois do intervalo dos primeiros 21 pontos, as americanas voltaram e empataram novamente. O jogo era duro e, provavelmente, venceria quem mantivesse maior nível de concentração. Bárbara acertou uma defesa inacreditável e armou o contra ataque do time da casa que fez o ponto a anotou 13 a 11 no placar. As duplas defendiam muito bem e depois de intensa troca de bolas, Agatha colocou a bola no fundo garantindo a vantagem. Walsh se recuperou na bola curta e diminuiu a diferença. Em uma disputa de bolas daquelas de tirar o fôlego, onde as duas duplas acertaram a mão e ficaram trocando passes por cerca de trinta segundos, até o estupendo bloqueio de Agatha que colocou a bola no lado americano e fez a Arena de Copacabana tremer. A vibração da brasileira chamou a atenção de quem assistia à partida, com as atletas socando as areias da praia e mostrando que estavam completamente imersas na partida, sentindo a vibração e a importância de cada ponto. Com a vantagem no placar, as gringas pararam o jogo no pedido de tempo técnico. Agatha soltou a mão e conquistou o vigésimo ponto da dupla, na bola que saiu após tocar na americana. Em seguida, mais um ataque de Agatha tocou na oponente e saiu. Agatha e Bárbara fechavam o set em 21 a 18 e a partida em dois sets a zero.

 

Após a partida, Bárbara falou de como foi lidar com o favoritismo das americanas e mirou na grande final com a dupla da Alemanha.

 

- Acho que foi nosso melhor jogo contra elas. A gente estava consciente do que seria o jogo. Sabíamos desse favoritismo todo para elas e nos blindamos em relação a isso. Focamos no que tínhamos que focar, no nosso jogo. A gente sabia que não podia rachar a bola com elas em nenhum momento. Estamos felizes de estar nessa final e amanhã tem mais. O jogo com as alemãs será outra pedreira. Os times que chegaram às semifinais são os melhores da competição. Foram semifinais de altíssimo nível. Elas crescem a cada torneio, é um time muito perigoso. Mais uma vez temos que focar no nosso – afirmou.

 

 

Gigante no bloqueio durante a partida, Agatha revelou a estratégia não entrar na onda de todos que colocavam as americanas como imbatível e como fizeram para vencer a dupla favorita ao ouro.

 

- A gente estudou pra caramba o jogo delas. O principal, além do que tínhamos que fazer contra elas, a gente tinha que se blindar. Era tanta coisa em volta falando que o favoritismo era delas, que a tricampeã estava no Brasil para tentar a quarta medalha e essas coisas, que a gente tinha que se fechar se não íamos acabar entrando nessa onda. Então, decidimos nos fechar, acreditar, estudar, ver o que podíamos fazer para derrotar elas e isso foi o principal. Primeiro focar no nosso, para depois saber o que teríamos que fazer contra elas – festejou uma das finalistas da Rio 2016.

 

Nesta quarta, às 23h59, Agatha e Bárbara voltam à Arena de Copacabana para enfrentar a dupla alemã Laura Ludwig e Kira Walkenhorst, na luta pela medalha de ouro olímpica.

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